O Sol começava a se
esconder por detrás das montanhas, e Adelson Guedes, candidato a vereador,
discursava em frente à Rocinha junto de seu inseparável alto falante.
"Força para o povo nordestino, o pilar desta comunidade! Vote, Adelson
Guedes!”. Sobre sua silhueta, sua marca registrada: um chapéu que nos
transporta diretamente para telas de Gláuber e sertões de Guimarães.
De certa forma, a
Rocinha pode, sim, ser considerada um pedacinho de lá. Muitos imigrantes
vieram do Nordeste desde a década de 70, em busca de melhores oportunidades de
trabalho, e correspondem à maioria da população. Atualmente, há na Rocinha 70
mil moradores registrados, segundo dados do Censo IBGE 2010 e, provavelmente, o
dobro de habitantes. Em busca de um lugar na Câmara dos Vereadores, além
de Adelson (3.789 votos), estavam Waldemar do Gás (5.324), Zé da Peixaria
(2.652), William da Rocinha (2.107) e Valério (435). Nenhum deles conseguiu
votos suficientes para obter o cargo.
A Favela, que seria um
território construído de maneira informal, foi completamente esquecida pelo
Estado. Sem saneamento básico, escolas de qualidade, hospitais, ou seja, sem o
cuidado necessário. A crise política, econômica, social e ética do país,
principalmente na cidade do Rio de Janeiro, reflete na situação crítica destes
locais. O modus operandi do governo não é inteligente nem eficaz.
O estado investe em
estratégias de “extermínio” aos chefes do tráfico, como se violência fosse
solução para problemas estruturais e sociais. Quando políticos se darão conta
de que barbárie não leva a lugar algum? Esta guerra mata inocentes, policiais e
traficantes, como se a vida não tivesse mais valor. No ano de 2016, o número de
mortes por armas de fogo em nosso país ultrapassou a marca de 61 mil por ano. O
Rio de Janeiro está entre os três primeiros desta lista.
A UPP (Unidade de
Polícia Pacificadora), iniciada em 2008, não compreendia apenas a entrada de
segurança nas comunidades, mas também educação, saúde, saneamento básico,
cursos profissionalizantes. O projeto, infelizmente, foi por água abaixo. A
solução deveria passar por investimentos a longo prazo, legalização das drogas
e combate ao tráfico de armas. É preciso haver representantes destas Comunidades na
bancada política. Eles também têm direito de um lugar ao Sol.
Letreiros eletrônicos com o nome de Adelson, além de um carro ultra personalizado, se destacavam pelos becos. Sinal de que o "cabra da peste" estava bem antenado às novas tecnologias.
Waldemar do Gás
Zé da Peixaria
William da Rocinha
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